quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Movie Comics #11 - X-Men: O Confronto Final (2006)

"Às vezes quando a fera fica enjaulada, ela se enfurece"

Acredito que este filme, ao lado de Homem-Aranha 3 e Batman e Robin, seja um dos filmes mais odiados pelos fãs de quadrinhos. As escolhas que os roteiristas fizeram nesse filme são no mínimo polêmicas: matar personagens importantes, alterar os fatos dos quadrinhos, além de fazer um filme muito corrido e curto. X-Men: O Confronto Final foi tão rechaçado pelos fãs, que a Fox passou a procurar outra direção para a franquia dos mutantes. É uma pena que a maioria vê este filme assim, pois eu acho X-Men 3 um filme forte, ousado, e com um tema sempre atual a ser discutido.





De longe, este é o filme mais trágico da trilogia. Nenhum personagem está seguro, e aqueles que considerávamos intocáveis, podem partir dessa pra melhor em questão de segundos. Acho válido dizer que quando eu digo trágico, digo ousado também. Em tempos que os blockbusters querem cada vez mais serem politicamente corretos (um mal que afetou até mesmo o meu cineasta favorito, Steven Spielberg), X-Men não se importa em chocar a plateia com mortes inesperadas e fatos revelados.



E entre essas revelações, está o fato do poder quase infinito de Jean Grey (Famke Janssen). Desde criança Jean já impressionou até mesmo os veteranos Xavier e Magneto. Temendo que este poder se tornasse incontrolável demais, Xavier criou uma barreira psíquica na mente de Jean e assim criou uma dupla personalidade, e enquanto uma era a Jean Grey normal, a outra se autodenominava Fênix. Mas peraí? A Fênix não era uma entidade espacial que possuía o corpo de Jean Grey? Sim. Nos gibis. Agora, raciocine comigo: você assistiu aos filmes X-Men 1 e 2 correto? Todo mundo amou a abordagem realista, mas com um toque de fantástico, que os poderes dos mutantes e seus dilemas e ações foram retratados, certo? OK. Vocês acham mesmo que depois de todo esse esforço pra trazer um certo realismo pra trama, os roteiristas simplesmente introduziriam DO NADA um elemento não só fantástico ao extremo, como beira o absurdo? Pois bem, eu não. A adaptação da história da Fênix não foi só natural, como necessária, para manter a coerência interna da trama.



Trama esta que traz no centro de seu enredo uma reviravolta no cenário sócio-político dos mutantes: uma cura. Como toda decisão importante, ela dividiu opiniões, e enquanto alguns mutantes simplesmente abominam a ideia de abrir mão do que os faz diferentes, outros não hesitam em abraçar essa cura, como é o caso da pobre Vampira (Anna Paquin), que não pode tocar em ninguém sem machucar a pessoa, e por conta disso vê o seu relacionamento com Bobby "Homem de Gelo" Drake (Shawn Ashmore) desmoronar. Até mesmo o famoso Fera, o dr. Hank McCoy (Kelsey Grammer, de longe a escalação mais inspirada de todo o filme) estremece em suas convicções políticas ao ter uma visão de como seria abandonar a sua pele peluda e azul para ter de volta a sua aparência humana.

Enquanto tudo isso se desenrola, Magneto (Ian McKellen) continua a sua guerra contra os humanos e usará todas as armas possíveis para lutar suas batalhas, inclusive a semi-deusa Jean Grey. E pra contra-atacar, os X-Men agora são formados pela jovem Kitty Pryde (Ellen Page), que pode atravessar paredes, Colossus (Daniel Cudmore), que pode converter sua pele em metal, e o já mencionado Homem de Gelo, que parece se aproximar mais de Kitty e se afastando de Vampira. Liderados pelo sempre sábio prof. Xavier (Patrick Stewart), Tempestade (Halle Berry), que assume a dianteira da equipe com pulso firme, e Wolverine (Hugh Jackman) precisará aprender a fazer o que é necessário, e na hora em que deve ser feito.



Claro que como todos os fãs, eu queria ter visto muito mais do que o filme ofereceu. Queria ter visto mais dos Sentinelas, queria ver Ciclope ser melhor tratado pelo roteiro, preferia que Jean tivesse um final diferente, queria ver os mutantes vilões melhor desenvolvidos como personagens (apenas Magneto, Mística e Pyro possuem uma caracterização boa), e eu também queria que personagens como o Anjo (Ben Foster) e o menino que é a fonte da cura (Cameron Bright) tivessem tido mais destaque pelo roteiro. E o que diabos foi a participação da dra. Moira McTaggert? Uma personagem tão forte nos quadrinhos, e na vida de Charles Xavier merecia mais do que os míseros 10 segundos de cena que possui no filme.

Mas essas falhas são passíveis de perdão, visto que a discussão que esse filme proporciona é muito interessante: é covardia querer fugir de perseguições? Isso parte das convicções de cada um é claro, e para mim, um filme que propõe discussões sobre o próprio comportamento humano merece respeito. Apesar das falhas visíveis de adaptação do material, o diretor Brett Ratner fez um trabalho competente e digno de seu antecessor Bryan Singer, que viria a dirigir no mesmo ano de 2006 o inferior Superman - O Retorno. Mas isso é um assunto pra outro post. No mais, X-Men - O Confronto Final é um filme muito bom que merecia uma reputação melhor. E ainda anseio por um X-Men 4... quem sabe...

Veja aqui o trailer do filme

Cotação: ****

No próximo post: review duplo de Superman - O Filme e Superman - O Retorno

Um comentário:

  1. eu amei o filme, já o vi por tres vezes, e recomendo. Excelente.

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